Redação: Graziele Cestarolli Ortega
Nos trending topics do cenário educacional está o Ensino Híbrido, que é uma abordagem que combina tarefas ou atividades remotas e presenciais e onde todas as etapas do processo de ensino-aprendizagem são interligadas, contínuas e complementares, não somente com atividades pontuais, mas tendo como norteador a integração, a colaboração, trazer os alunos para o centro do processo de aprendizagem e tornar o professor mediador deste percurso.
Esta prática não requer obrigatoriamente que haja uso de recursos tecnológicos, pois mesmo que parte da abordagem proponha atividades remotas, estas podem ser qualquer tipo de atividade, inclusive offline. Mas, será que o Ensino Hibrido é aplicável para a Educação Infantil?
A implementação de atividades não presenciais
Antes de falar sobre a implementação do Ensino Hibrido na Educação Infantil é preciso ressaltar que há aspectos muito importantes a serem desenvolvidos nesta fase escolar, onde a criança precisa saltar, correr, conhecer texturas, desenvolver senso espacial e corporal, ter interação social e várias outras habilidades desenvolvidas para que ela tenha uma formação inicial que a prepare para compreender e interagir com as pessoas e com o mundo ao seu redor.
Também é preciso compreender quem são estes estudantes, que fazem parte da tão falada geração Alpha. Isso significa que, para eles, já faz parte do cotidiano o uso de tecnologias como celulares, tablets, internet, smartvs, serviços de streaming de vídeo, etc., pois eles já nasceram conhecendo isso tudo, é algo normal! Porém, independente desta familiaridade com recursos tecnológicos, ainda estamos falando de crianças em fase de desenvolvimento da primeira infância.
Uma lista de benefícios para a criança
Apesar de não haver muitas referências da aplicação do Ensino Híbrido na Educação Infantil, devemos considerar que esta prática pode sim trazer grandes benefícios! Nesta proposta o professor não é mais o centro focal do processo de ensino aprendizagem e este é transferido para a criança, juntamente com a família. Sendo assim, podemos destacar os benefícios abaixo:
- com os estudantes, podemos destacar benefícios com o desenvolvimento da autonomia, interação social, criatividade, cooperação, comunicação, etc. ;
- envolvimento da família no processo de desenvolvimento da criança;
- melhora o relacionamento da escola com a família;
- proporciona aulas mais inovadoras e alinhadas com as demandas atuais;
- aumento do engajamento e envolvimento das crianças com as aulas e
- mais contato com diferentes informações e pontos de vista.
Como o professor pode aplicar essa modalidade de ensino da melhor forma?
– Planejamento
Diante de tantos benefícios, por onde começar? Tudo começa com um bom planejamento! Organize como você aplicará a abordagem, por quanto tempo, com quais recursos (online ou offline), quais os temas abordados, estabeleça as etapas e conexão entre elas e, por fim, como acompanhar e evolução e aproveitamento das crianças neste período e exteriorizá-los à família.
– Diálogo com os responsáveis da criança
Posteriormente e com apoio da coordenação e direção escolar, a proposta deve ser apresentada formalmente aos pais ou responsáveis, já que eles são peças fundamentais de condução da abordagem nos momentos remotos.
– Respaldo da escola
Ter o apoio e respaldo da escola é fundamental, principalmente na primeira vez que esta abordagem for inserida em seu plano de ensino, portanto, esteja ciente de que imprevistos com certeza ocorrerão, mas será com eles que o professor aprenderá, estará cada vez mais preparado e à vontade com esta abordagem.
Atividades preparadas na escola e desenvolvidas em casa
Pode parecer difícil imaginar a aplicação desta abordagem com esta faixa etária, mas há muitas das atividades aplicadas em sala de aula que podem ser adaptadas para outras aplicações.
Por exemplo, peça que a família construa junto com a criança uma folha sensorial colando arroz, feijão, farinha, macarrão, terra ou o que tiver disponível em casa e explore com a criança que tipo de sensação ela tem ao tocá-la, qual cor ou cores ela pode identificar, verificar se possui algum cheiro, etc.
Você deve enviar uma folha de roteiro para a família com instruções de realização da atividade e coleta de como foi a condução da atividade. Em sala, faça uma roda de conversa com os alunos e converse sobre o que cada aluno descobriu em casa junto com a família e posteriormente monte uma parede/cartaz sensorial e explore com a turma.
Muitas vezes o novo pode assustar o docente, pois ele o tira da zona de conforto, mas a mudança e exploração de novas abordagens não precisa ser brusca, muito pelo contrário! Então reflita sobre seu planejamento e identifique algo que você se sinta mais à vontade para tentar fazer diferente!
Graziele Cestarolli Ortega atua há mais de 20 anos no ramo da tecnologia educacional.