Redação: Graziele Cestarolli Ortega
O modelo instrucionista, mais utilizado no ensino tradicional, tem sido cada vez mais questionado ao longo dos últimos anos. Por este motivo, novas abordagens e práticas de ensino-aprendizagem têm surgido e ganhado os holofotes no que tange ao ensino básico.
Novos recursos, plataformas, abordagens e metodologias tornam-se pautas obrigatórias e frequentes entre gestores, coordenadores e professores desde o início da pandemia, momento em que as aulas presenciais foram suspensas e todos tivemos que nos adaptar a uma nova prática de ensino: o Ensino Remoto.
O que é o Ensino Remoto?
O Ensino Remoto nada mais é que o ensino presencial adaptado para acontecer remotamente, ou seja, de forma não presencial. Neste caso, as instituições de ensino fizeram uso de recursos tecnológicos diversos para que os estudantes tivessem acesso às aulas sem estar na escola, intermediado por recursos como aulas ao vivo transmitidas via internet, plataformas de aprendizagem que possuem ferramentas para publicações de tarefas, atividades avaliativas, conteúdos e recursos para que os alunos fizessem uso em qualquer localidade.
Apesar de muitos acreditarem estar trabalhando com a abordagem construcionista por utilizar o computador como ferramenta, na verdade esse equipamento é apenas um meio para intermediar conhecimento. Isso ignifica que neste modelo o professor ainda é o centro do processo de aprendizagem, ou seja, a mudança foi somente do veículo ou meio utilizado para que as aulas ocorressem e os alunos continuaram a depender totalmente de um input do professor para seguir em suas trilhas de aprendizagem. Isso levou a uma movimentação por novas formas de ensinar e aprender, acelerando um processo de engajamento digital das instituições e maior participação e envolvimento dos pais.
E o Ensino Híbrido?
Há ainda dúvida sobre o que estamos vivenciando no cenário educacional, se é o chamado Ensino Híbrido. Diferentemente da proposta do Ensino Remoto, em que não há abordagem presencial, o Ensino Híbrido propõe uma mescla entre tarefas ou atividades remotas e presenciais, sendo esta com ou sem uso de recursos tecnológicos, mas com todo processo de ensino-aprendizagem interligado, contínuo e complementar e não somente com atividades pontuais. Deste modo, o Ensino Híbrido, como o nome já sugere, integra práticas remotas e presenciais com um objetivo pedagógico comum, tendo como palavras-chaves a integração e a colaboração, trazendo os alunos para o centro do processo de aprendizagem e tornando o professor mediador deste percurso.
Aplicar o Ensino Híbrido no processo de aprendizagem é um desafio não só cultural, de mudança de mindset dentro da instituição, mas também para os alunos e pais, que devem confiar que esta abordagem foi cuidadosamente elaborada e estruturada. Todo percurso realizado pelos alunos propõe que eles sejam autônomos em seus aprendizados, buscando informações e convertendo-as em conhecimento prático por meio de diversas atividades.
O maior desafio neste cenário é compreender e descobrir como aplicar adequadamente o Ensino Remoto ou Ensino Híbrido, principalmente para a educação infantil, considerando que o engajamento da família é parte crucial para que o processo de aprendizagem ocorra.
A especificidade da Educação Infantil
É importante avaliar outro fator: na educação infantil boa parte do processo de aprendizagem se dá por intermédio de jogos e brincadeiras, interações entre os alunos e professor e atividades manuais diversas. Esses fatores foram prejudicados pela implantação do Ensino Remoto, porém, muitas instituições encontraram soluções como gravar vídeos curtos e disponibilizar um roteiro de aplicação da atividade pelos pais ou responsáveis.
Essas atividades demandavam que os pais ou responsáveis enviassem fotos ou vídeos e, em alguns casos, tivessem horários reservados de encontros com o professor, em que a criança também participava e o professor tinha a oportunidade de ajudar e acompanhar a evolução dos alunos de forma mais efetiva.
Além da preocupação em manter a continuidade das atividades, é necessário levar em consideração que as crianças estão cada vez mais expostas às telas durante o dia, o que pode gerar uma série de problemas como dificuldade com o sono. Dentre todo este cenário de mudança em sala de aula e a superexposição às telas, cabe o equilíbrio para que este tempo seja realmente proveitoso e limitado, para que as crianças aprendam desde cedo a lidar com os recursos tecnológicos disponíveis e a melhor forma de fazer uso deles.
Graziele Cestarolli Ortega atua há mais de 20 anos no ramo da tecnologia educacional.